Uma horta em casa: passo a passo

22-03-2017
Existem pormenores e opções que podem fazer toda a diferença e até comprometer algumas das suas culturas, pelo que uma informação sustentada e rigorosa é fundamental durante todo o processo.

Conheça os 10 passos para criar a sua horta, definidos pela arquiteta paisagista Teresa Chambel e pela engenheira Ana Carvalho para a SapoLifeStyle.

 

  1. Escolha do local

A maior parte das hortícolas gostam de bastantes horas de exposição solar (5 a 6 horas por dia), embora existam algumas menos exigentes. As melhores exposições solares para as hortas, sejam estas em jardim, terraço, varanda ou pátio são Nascente e Poente (sol de manhã ou de tarde alternado). A exposição Poente é de todas a melhor, pois tem mais horas de sol no verão. Se o seu espaço tiver uma exposição norte ou for totalmente ensombrado é muito difícil fazer vingar a grande maioria das hortícolas, aromáticas e até pequenos frutos.

Mas há algumas opções como os rabanetes, algumas couves, acelgas, manjericão, espinafre, erva-cidreira e rúcula que não se importam de estar à sombra e no eerão até agradecem. Se o seu espaço for virado a sul, cuidado com as regas no verão. Com sol, pode plantar quase tudo, principalmente tomate, pimento, alface, abóboras, piripiri, cebolinho, alho francês, cenouras, favas, ervilhas, curgete, cebolas, alhos, entre outras.

 

  1. Desenho e delimitação do espaço

Não é preciso grande espaço para cultivar hortícolas. Uma horta com 5, 10 ou 20 m2 já dá para produzir muito. Por uma questão de facilidade de manutenção e organização deve delimitar a zona da horta, quer seja com ripas de madeira, pedra, tijolo, etc. Não se esqueça de deixar espaço para circulação.

Também pode optar por colocar uma pequena sebe de aromáticas perenes em toda a volta (o que é importante em termos de biodiversidade e de luta biológica). Gosto especialmente de utilizar tomilho, alfazema, santolina, alecrim rasteiro, tagetes, malmequeres e chagas. Mesmo que não faça o limite da horta com estas plantações reserve uma zona para elas.

 

  1. Divisão em parcelas

Divida a horta em quatro parcelas para ir fazendo as rotações que são essenciais à boa gestão da horta por mais pequena que esta seja.

 

  1. Reserve uma zona para as sementeiras

Muitas vezes fazem-se as sementeiras em tabuleiros ou vasos (pois é mais simples ) mas se tem espaço pode reservar um canteiro (sobrelevado ou não para as suas sementeiras). Semeie em linhas e coloque uma etiqueta com a data de sementeira e a espécie.

 

  1. Preparação do solo/substrato

As hortícolas, dadas as suas características (crescimento rápido, múltiplas colheitas), necessitam de muita matéria orgânica que lhes deve ser adicionada pelo menos uma ou duas vezes por ano, de preferência composto produzido por si. Uma boa mistura para cultivar hortícolas pode ser constituída por matéria orgânica/húmus de minhoca (1/3) + areia (1/3) + composto de plantação (1/3) da sua compostagem ou de compra. Existem no mercado excelentes compostos de plantação agrícolas biológicos que já vêm fertilizados, poupam trabalho e dão uma maior garantia de sucesso.

O pH do solo para cultivar a maior parte das hortícolas deve ser muito próximo do neutro. Se o seu solo é pobre e duro cave-o e adicione matéria orgânica (húmus ou estrume) e alguns sacos de substrato hortícola (pelo menos nos 10- 20 cm superficiais) incorporando. Faça ainda uma adubação (à razão de 50 g/m2). Pode fazer a lanço à mão, mas tenha o cuidado de pesar a quantidade total de adubo para não exagerar. Se tem 10 m2 de horta coloque no máximo 500 g. Se optar por colocar um substrato agrícola fertilizado não necessita de fertilização extra.

 

  1. Definição do local da compostagem

Por mais pequena que seja a horta o compostor é essencial, porque há sempre folhagem, ramos, e os restos dos legumes, cascas, entre outros, da cozinha que passam a ter um fim mais ecológico. Pode comprar ou construir o seu compostor. Se construir, tenha em atenção que este deve no mínimo ter uma capacidade de 0.5 m3 (500 l) para conseguir armazenar o composto de todo o ano.

 

  1. Ponto de água/sistema de rega

Se tem uma horta maior do que 6 ou 7 m2 justifica montar um sistema de rega gota a gota. No verão, as hortícolas têm de ser regadas todos os dias e nos picos de calor às vezes duas vezes, o que justifica o investimento. Se não tiver rega automática tem de ter um ponto de água e uma mangueira que assegure a rega de toda a horta.

 

  1. Ferramentas básicas para a sua horta

Para ter uma horta mesmo que com uma pequena dimensão, tem de ter algumas ferramentas básicas, caso contrário as suas tarefas serão bastante dificultadas. A lista seguinte é apenas exemplificativa:
– Enxada grande e/ou pequena (para cavar)
– Ancinho (pentear e conchegar após sementeira)
– Sachola (para mondar)
– Pá larga para transplantar
– Pá de plantar
– Tesoura de poda
– Faca de colheita
– Regador de jato fino ou chuveiro

 

Materiais necessários

Esta é a lista de ferramentas imprescindíveis:
– Cesto para colheita
– Balde
– Carrinho de mão (indispensável para transportar os materiais, plantas e substratos se a horta for grande)
– Adubo orgânico
– Substrato

 

  1. O que plantar e como?

Escolha as suas plantações seguindo critérios práticos:
– O que gosta
– O que consome
– O que se adapta às condições e dimensão do seu espaço
– Não se esqueça da importância das flores e das aromáticas para o equilíbrio da sua horta

Semeie e plante tendo em atenção que quando vai semear, por exemplo, favas ou ervilhas não as deve semear todas no mesmo dia, senão vai ter a colheita toda concentrada na mesma altura. Divida as suas favas e ervilhas em 3 ou 4 talhões e dê pelo menos duas semanas de intervalo entre os lotes que semeia ou planta. Esta estratégia serve para todas as hortícolas que cultivar: alfaces, rúcula, espinafres, abóboras, entre outras. Faça um escalonamento pelo menos quinzenal.

 

 

  1. Cultivar a sua horta em modo de agricultura biológica

Para poder cultivar e planear a sua horta em modo de agricultura biológica, há uma série de conceitos que tem de conhecer e saber aplicar, pois só dessa forma poderá decidir corretamente o que plantar, onde, como e porquê. São conceitos simples, essenciais e fáceis de perceber:

– Compostagem (referida anteriormente)
– Consociações
– Rotações

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