A temática (ou problemática) do lixo e a sua gestão em Lisboa tem sido uma buzzword nos últimos meses, entre as falhas nos sistemas de recolha de lixo e o aumento significativo da sua produção durante os meses de verão. No final do mês de agosto, alguns cidadãos decidiram inclusive colocar as mãos à obra para mitigar os impactos deste problema que se fez sentir um pouco por toda a cidade.
Contudo, coloca-se a questão: será este um problema estrutural da Câmara de Lisboa e das Juntas de Freguesia ou será uma questão enraizada no civismo?
Há quem defenda que o problema se prende um pouco a ambos. Por um lado, a falta de recursos humanos no setor, a baixa remuneração das equipas e a descentralização das funções da Câmara Municipal de Lisboa (responsável pela recolha) para as Juntas de Freguesia (que têm a limpeza das ruas a seu cargo). Por outro, há quem defenda que a gestão deste problema também passa pela sensibilização da população para produzir menos lixo e para fazer a sua devida separação e acondicionamento.
Um bom exemplo será a revisão de 2021 do Decreto-Lei 102-D/2020, que define que o custo associado à gestão de resíduos urbanos não deve estar indexado ao consumo de água. O custo associado à recolha e tratamento dos resíduos urbanos deverá estar diretamente relacionado com o volume de lixo indiferenciado produzido. Por outras palavras: quanto mais reciclar, menor será a tarifa de resíduos a pagar.
Aumentar a reciclagem no condomínio e em casa.
De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, em 2020 foram produzidas mais de 5 milhões de toneladas de resíduos urbanos, só em Portugal. Ou seja, uma produção diária de 1,40 kg por habitante. Apenas 9% dos resíduos urbanos são reciclados.
É uma aposta/ projeto com um duplo benefício: a promoção da sustentabilidade ambiental e valorização de resíduos que podem tornar-se matérias-primas para outros bens, dando-lhes uma nova vida, e a redução da tarifa de resíduos.
A reciclagem é assim a melhor ferramenta para minimizar os impactos da poluição que criamos diariamente. Se cada pessoa, cada família, cada condomínio aderir a uma política mais sustentável, o impacto será gigantesco.
Que medidas pode o condomínio implementar?
- fazer a correta separação do lixo, uma vez que já está a contribuir para a diminuição dos lixos depositados em aterros sanitários. Se não tiver a certeza de onde deve depositar certos resíduos, poderá sempre consultar a waste app da Quercus.
- aplicar a política dos 3 R: reduzir, reutilizar e reciclar;
- evitar adquirir e consumir produtos com embalagens desnecessárias
- abrir a discussão aos condóminos para que possam encontrar e implementar medidas eficientes que façam sentido no contexto das necessidades e características do condomínio.
Para concluir, deixamos-lhe um desafio: se acredita que já tem um estilo de vida sustentável, calcule a sua pegada ecológica.